A filha do Mestre - A volta
Londres, 1893, foi lá, o início de um novo tempo, quando os dois jovens caíram do céu, em uma floresta próximos ao Colégio Elizabeth.
No dia seguinte, após uma noite chuvosa e agitada, freiras os encontraram e os acolheram no orfanato, lhes dando água, comida e muito carinho. Queriam saber de onde vieram, a curiosidade move a todos.
Quando os jovens se recuperaram se apresentaram, Bárbara e Vicente.
Bárbara, garota de olhar misterioso, como o da medusa da Garota Pesadelo e poucas palavras, ainda não estava habituada com a Terra, nunca havia ficado tanto tempo longe de casa, um de seus olhos era verde outro castanho, seus cabelos castanhos e ondulados, pouco abaixo dos ombros.
Vicente, garoto de sorriso fácil e largo, rosto comprido e amigável, ao contrário de Bárbara, falava muito, era alto e magro, cabelos negros como a noite olhos castanhos e vivos como as constelações ao redor de Gallifrey.
Ambos, senhores do tempo, tinham uma longa historia pra contar a elas, pois haviam viajado todo o espaço e tempo, fugindo de todas as ameaças que se possa imaginar, a Grande Guerra do Tempo, desde os Daleks a Anjos que lamentam, para conseguirem chegar a Terra um lugar onde eles estariam salvos, longe de qualquer coisa que possam os fazerem mal, e ao final de contarem tudo aquilo Bárbara disse:
-Senhoras, precisamos que deixem isso em segredo, se não, todos vão sofrer as consequências.
Uma das freiras, Ana, pequena e frágil, beirando os 40 anos, jeito cuidadoso, olhou pra eles e disse:
-Garotos, iremos guardar esse segredo a sete chaves, nínguem nunca irá descobrir isso. Eu os garanto. E se quiserem algum lugar pra morar, estaremos de portas abertas para recebe-los!
Bárbara e Vicente se olham e respondem:
-Adoraríamos ficar aqui!
As freiras se olharam e olharam para os jovens com um sorriso em seus rostos e disseram:
-Sejam bem vindos ao Colégio Elizabeth!
Foi ai que começou uma nova historia para eles, mas algo em Bárbara ainda incomodava Vicente, algo que ela nunca havia falado a ele, algo que apenas o tempo era capaz de revelar.
Os anos se passaram e eles aprenderam muito ali com as freiras, e as freiras também aprenderam muito com Bárbara e Vicente, ouviram historia sobre o universo e outras inúmeras coisas que eles podiam as ensinar. Desde Van Gogh, Picasso, até astronautas e a evolução da ciência, obviamente, não contaram sobre as guerras, mas avisaram que homens judeus ou não, passariam por ali, e precisariam de abrigo, e que todos estariam que estar prontos para a guerra.
Com o tempo, para muitos, tudo se resolve, mas não para senhores do tempo, o tempo passa e acalma, mas não leva a angústia.
Os jovens ficaram calmos, ensinaram tudo que podiam aos que passaram por ali. Aparentavam estar felizes.
Porém, Bárbara não estava mais tão bem quanto antes.
-Não quero mais ficar aqui. Quero voltar a viajar no espaço-tempo, quero viver as minhas vidas, não ficar aqui mofando dentro de um quarto!! - Assim disse Bárbara com um tom não muito agradável. E então respondeu Vicente:
-Vamos sair daqui, o Doutor vai nos salvar.
-O Doutor! o Doutor! Esse tal de Doutor deve ter morrido como meu pai e todos os outros!!
Vicente ficou em silencio por um momento respirou e disse:
-Eu tenho certeza que ele está vivo e muito bem.
-Até parece...
-Se nós escapamos dá guerra ele pode ter muito bem escapado também, não é impossível. - Dizia Vicente de modo calmo e amigável.
-É mesmo, você pode estar certo. Mas se ele está vivo, por quê não nós salvou ainda? Me responda!! - Disse Bárbara em tom de afronta e certeza.
Vicente ficou em silencio novamente, mas dessa vez não respondeu a pergunta, seu pensamento agora era uma longa reflexão “ Será que ele sabe que nós estamos aqui?!”.
Já era tarde da noite então foram dormir como todas as outras noites, só que essa foi uma noite como nenhuma outra. Passou rápido e de modo doloroso, o vento uivava dentre as árvores e batia forte na janela.
Pela manhã, após a noite conturbada, o sol não apareceu, seu raios estavam escondidos entre as nuvens. Vicente se levantou e abriu a janela do quarto, depois disso foi acordar Bárbara. Ele tentou acorda-la mas não conseguiu, ele entrou em pânico e então gritou:
-Socorro!!
As freiras, e todas as crianças r jovens do orfanato ouviram seu grito desesperado e então correram para o quarto o mais rápido que poderam. Chegando lá se depararam com Bárbara desmaiada na cama e Vicente em pânico ajoelhando aos pés dela. As freiras entraram no quarto, Ana o deu um copo d’água e tentou o acalmar dizendo:
-Acalme-se, Vicente. Ela vai ficar bem, já chamamos a Doutora Song. Ela é nova aqui, dizem que já fez muito.
Outra freira, mandou as crianças voltarem as suas atividades "Vamos crianças! Eles vão ficar bem, vamos deixa-los."
Vicente, ainda ofegante se senta e espera a chegada da doutora. Após alguns minutos agoniantes para Vicente, e Ana, que vê e sente a angústia, chega a Doutora Song. Uma linda mulher, loira de cabelos longos e cachados, postura firme e olhar competentemente.
Ela entra em silêncio e se senta na cama de Bárbara, e começa a examina-la.
Quando a Doutora coloca seu estetoscópio sobre o peito de Bárbara tem uma imensa surpresa:
-Pelos deuses!
Vicente se preocupa e que saber o que ouve:
-Ela vai ficar bem Doutora?
-Sim, ela vai ficar ótima! Tenho que ir!
A Doutora saí do quarto e atravasava o corredor, as crianças ficam admiradas com aquela linda mulher, que atravessa rapidamente o corredor, descendo as escadas e saindo do colégio. Vicente, tenta alcança-la mas não consegue, e então volta para o quarto para ver como está Bárbara.
Quando chega lá, ela está sentada na cama, e quando o vê diz:
-Eles estão voltando. Eles querem a mim...
-Quem está voltando? Quem quer você?!
Assim disse Vicente muito preocupado com o que ela quis dizer
-Todos, à escória do universo, eles novamente. Eles me querem. Eles querem há mim, querem meu conhecimento sobre o universo. Não me deixe ir com eles, por favor.
Vicente, com rosto pálido e expressão vazia fica em silencio por um momento:
-Eu não vou deixar nada acontecer com você.
Eles se olham, e Vicente dá o copo d’água para Bárbara, ela se acalma um pouco e conta o que sonhou para ele. Que fica surpreso e ao mesmo tempo com medo, ao longo do dia pensou “Se eles quiserem mesmo Bárbara, eu não vou saber o que fazer pra proteger ela nem a Terra, nem ninguém. Acho que nem ela sabe o que fazer.”.
A noite chega e Bárbara diz:
-Vou sair. Aproveitar o tempo que me resta. Até logo.
Parte II
Bárbara saí e deixa Vicente preocupado, sem saber aonde ela irá, nem o que iria fazer. O estresse e mistério daqueles dias tinha deixado a todos a flor da pele.
Antes de chegar à cidade, havia um curto caminho cercado de árvores, o ar puro o silêncio faziam ela lembrar de Gallifrey, de como os sóis eram belos e também das montanhas do Consolo, fazendo-a lembrar de seu pai, e de momentos que moravam agora apenas em sua mente. O silêncio da saudade já preenchia seu peito, nunca se pode saber o que o silêncio dá aos calados com olhar atento.
Chegando a cidade caminhou vagarosamente pelas ruas, quando parou em uma cafeteria que costumava frequentar, lhe dava o djavi/djavu de que um homem passaria por ali.
Para sua surpresa, logo ao entrar avistou Doutora Song sentada próxima a janela, seus cabelos estavam radiantes a luz do sol,escrevendo em um pequeno caderno azul que aparentava contar diversas historias. Enquanto escrevia, seu olhar aflito não negava que a historia agora seria turbulenta.
Bárbara se aproximou da mesa na qual Song estava e disse:
-Olá, Doutora Song, certo? -fez uma pausa- Vejo que está ocultada, mas posso me sentar com você?
A Doutora fica surpresa em vela ali, guarda o caderno.
-Claro, minha querida, - responde em tom amigável - mas, como você se sente, está melhor? O que faz aqui?
-Estou sim, obrigada, apesar de não como gostaria de estar - faz uma pausa, olhando pela janela vê que Vicente se aproxima aflito - Bom, estou dando uma volta, sentindo novos ares... Doutora... - perde as palavras e fica um breve momento de silencio que é quebrado pela doutora.
-Doutora não, me chame de você, aliás, também pode me chamar pelo nome, antes do Song vem River. - Diz com um sorriso largo, como se nada estivesse acontecendo.
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